BLOGGER TEMPLATES AND Zwinky Layouts »

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Memórias de um Poderoso Chefão

Cena do filme "O Poderoso Chefão" de 1972
Olá à todos! Faz tempo não? Realmente muito tempo, agora sinto - me como um adulto que volta para casa depois de 5 ou 10 anos fora e reconhece que o mesmo espaço que antes lhe servira de abrigo em todas as horas agora está mais para uma fazenda de verão por onde memórias da infância se misturam aos montes de poeira que se acumulam pelos cantos. 

Não vou explicar agora os motivos ou interesses que me afastaram deste solo sagrado, até porque esta não é a razão que me fez revisitar este espaço esta noite, mas sim compartilhar, mais uma vez, uma coisa especial que sinto no momento, e que, como tantas outras postadas aqui, não poderia deixar de registrar, então peço a todos que se acomodem e me permitam recebê-los novamente em minha casa.

Recentemente adquiri e devorei com severa fidelidade diária as páginas da coleção de livros envolvendo o universo de "O Poderoso Chefão", um clássico atemporal consagrado com maestria por Francis Ford Coppola e com roteiro assinado pelo próprio Mário Puzo, escritor da obra clássica que deu origem a tudo isso. Embora minha primeira sensação seja a de criticar a continuação dada pelo autor Mark Winegardner (ora, francamente, escrever mais de 1000 páginas envolvendo uma caçada de gato e rato entre Michael Corleone e Nick Geraci Jr. só me fez perceber que meu feeling inicial de que estes livros não deveriam ter sido escritos estava correto em um nível alarmante), irei me ater à obra de Puzo, que é o real motivo para esta postagem, na verdade, uma imagem que traduz um pouco do sentimento que a obra me traz, e que, não por coincidência, é a mesma que ilustra este texto.

Há mais de dois anos perdi uma das principais figuras em minha vida e é estranho como o passar do tempo só me revela como a importância e influência de meu avô acabaram por desabrochar ainda mais de maneira extraordinária com a leitura da obra de Puzo, pois, assim como todo bom italiano (independente de ser siciliano ou não neste caso), lembro-me precisamente de todas as conversas, conselhos, brigas e discussões que tivemos ao longo dos 22 anos em que convivemos juntos, mas se tem uma coisa que ficará para sempre gravado em minha memória será a imagem de avô e neto sentados à sala conversando, onde para qualquer problema que eu apontasse, seja de que ordem fosse, meu avô sempre responderia: "o mais importante é batalhar para ter uma vida digna e trabalhar ainda mais para proteger e manter sua família, pois pode lhe faltar de tudo nesta vida, mas sua família é a única coisa que você com a qual você poderá contar sempre. ". E a frase de Puzo não poderia se encaixar melhor neste cenário, pois somente agora, mais velho, percebo o quanto ele estava certo e o quanto ainda me dói pensar que esta pessoa não se encontra mais ao meu lado fisicamente para me dar ouvidos e aconselhar, ou mesmo, como tantas vezes, dirigir um gesto de carinho simples, um beijo e um abraço pelos quais eu trocaria qualquer riqueza do mundo só para sentir mais uma vez sua presença, olhar em seus olhos e compreender a força de uma tradição familiar trazida e passada de geração em geração durante séculos e que, se Deus quiser, um dia terei a sorte de passar adiante para meus filhos e netos, onde, como todo descendente de italiano, serei responsável por transmitir não apenas os ensinamentos, mas o mesmo amor por tudo aquilo que meu avô amou, por tudo o que ele conquistou e construiu sozinho ou em família, e, acima de tudo, como la famiglia é a base de tudo e também a maior provedora de saudades eternas.

Ti amo Nonno - Ora e per sempre ti amo