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sábado, 13 de junho de 2009

Sonho de Poeta

Já comentei aqui que ultimamente estava me sentindo muito feliz com certas coisas que estavam rolando na minha vida, e não estava mentindo, por um momento tinha toda a fé que eu achava que o mundo merecia ter, até recebi com muita alegria, talvez até demais, a ligação de uma amiga minha com a qual eu não falava há muito tempo.

Enfim, por determinadas razões, ela costuma me chamar de Poeta, mas sinceramente acho que isso é por causa de nossas conversas sobre literatura e pelo fato de sempre trocarmos textos e outros materiais produzidos por nós nessa nossa brincadeira de escrever.

O que acontece é que eu estava tão alienado na hora que nem percebi quando ela começou a cantar um trecho de uma música do Vinicius de Moraes que diz mais ou menos assim: "Meu poeta eu hoje estou contente, todo mundo de repente ficou mudo... ficou mudo... eu hoje estou contente, nem eu mesma sei por que. Porque eu recebi uma cartinhazinha de você..."

Demorei para me lembrar que há alguns anos atrás eu havia escrito uma carta para ela de fato, e foi numa época que aconteceram várias coisas entre nossas vidas, inclusive foi no tempo em que mais perdemos contato. E ela passou uns 10 minutos lendo para mim as palavras que eu há muito já tinha esquecido, palavras "tão queridas e carinhosas" como ela mesma me disse, enquanto eu apenas escutava e repavara o quanto minha escrita tinha mudado em alguns anos. "É normal" pensei, assim como a gente muda de calças todos os dias...

Mas daí me dei conta que existem certas coisas que não mudam tão facilmente... comecei a falar de minhas alegrias presentes, das pressões das provas finais da faculdade se aproximando, das picuinhas e das intrigas chatas que sempre surgiam em algum lugar, dos amigos que ainda estão ao meu lado até hoje e dos amigos que partiram com o tempo deixando saudades. E no meio de tudo isso, subitamente comecei a chorar, mas um choro corrido, gostoso, um verdadeiro desabafo, ela se espantou tanto com minha reação que até quis desligar o telefone e vir para minha casa passar o resto da tarde comigo, mas eu falei que não precisava, que estava feliz só de ter recebido aquela ligação e queria que ela continuasse como estava, nem precisava falar nada, só de ouvir sua respiração já seria bastante para me confortar.

Imagino que nessa hora ela fechou os olhos, abriu seu sempre tão alegre sorriso, passou a mão pelos cabelos que já não sei se são mais longos e castanhos claros, e disse: "Chore meu Poeta, pode chorar, pois essa é a maior prova de pureza que seu coração poderia me dar. Chore pelos seus amores de verdade, deixa lavar tudo..."

Comecei a rir e a soluçar, enquanto ela repetia as gargalhadas do outro lado da linha, e depois começamos a falar sobre nossos amores, atualmente ela está namorando firme há dois anos e me prometeu que qualquer dia ela marcaria um encontro a quatro comigo, sendo que eu levaria minha namorada junto. Mas quando respondi que estava solteiro ela gritou: "Mas como poeta? Tanto sofrimento e nem está amando ninguém? Pra que serviram essas lágrimas então?".

Ao que respondi que as lágrimas podem ser derramadas por muitas razões, mas o amor só pode ser verdadeiramente sentido quando dois corações choram unidos, não em um solo improvisado... Então ela ficou quieta por alguns segundos enquanto eu admirava um copo sobre a mesa central da sala, já ia perguntar se ela ainda estava na linha quando ouvi sua resposta antes de desligarmos o telefone: "É poeta, você realmente tem saída pra tudo...".

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